

A terra e o território na cosmovisão, concepção e percepção dos povos indígenas vão muito além de um espaço ou lugar para viver, morar e desenvolver atividades de cultivo de plantas, criação de animais para subsistência e realização das manifestações sociais cotidianas e tradições culturais, também são e fazem parte!
A experiência vivenciada, aprendida e praticada nos lugares e espaços (terra e território) e, posteriormente, expressada interna e externamente pelos povos indígenas, por meio de subjetividades, memórias, histórias e culturas narradas e contadas, se constitui e se constrói no sujeito-lugar-espaço, por isso, são ligações indis¬sociáveis entre vidas humanas e não hu¬manas (território, floresta, animais, espíritos) habitantes no espaço-tempo, nas quais se encontram numa trama de sentidos e significados continuamente criados e construídos.
Na organização social e cosmológica dos povos indígena, o território indígena diz respeito e significa à continuidade das condutas sociais e tradições culturais realizadas através de atividades e ações cotidianas como ensinamentos e aprendizagens de saberes/conhecimentos tradicionais, ancestrais e dos antepassados; histórias, epistemologias e cosmologias narradas e contadas pelos mais velhos (anciãos) que ativam e reativam memórias e lembranças, por vezes, adormecidas; manifestações de rituais sagrados que conectam com a vida humana e não humana, entre outras.
A Ilha do Bananal (ver Mapa 1), localizada no município de Formoso do Araguaia, no estado do Tocantins, é uma área com extensão territorial de cerca de vinte mil quilômetros quadrados de extensão (1.916.225 hectares), por conta dessas dimensões territoriais, é considerada a maior ilha genuinamente fluvial do mundo e, além disso, é cercada por dois importantes rios, o Araguaia e o Javaés. Apesar da Ilha se localizar totalmente no estado do Tocantins, no entanto, devido aos referidos rios, faz divisa com os estados do Mato Grosso (no rio Araguaia) e de Goiás (na porção sul do rio Javaés). Na foz do rio Javaés, localizada no extremo norte da ilha, está a tríplice divisa entre os estados de Tocantins, Mato Grosso e Pará.
Os povos Inỹ Javaé, Karajá e Xambioá (Karajá do Norte), que são habitantes da Ilha do Bananal, vivem em aldeias, em sua maioria, localizadas nas porções (extremidades)/margens oeste e leste, banhadas pelos rios Araguaia (lado dos povos Inỹ/Karajá) e Javaés (lado dos povos Inỹ/Javaé). Os referidos rios para estes são chamados de berohoty (rio Araguaia), significando “o Grande Rio”; e, bero biawa (rio Javaés), significando “rio companheiro” ou “rio amigo”, salientando que o rio Javaés recebe o mesmo nome dos povos Inỹ/Javaé.
O Mapa 2 mostra o processo de evolução dos limites das terras indígenas e unidades de conservação da Ilha do Bananal, do estado do Tocantins, sendo estas importantes conquistas para os povos indígenas Javaé, Karajá e Xambioá (Karajá do Norte), que a habita e, assim, passam a se denominar de Terra Indígena Parque do Araguaia e Terra Indígena Inãwéborona e, ainda, uma área territorial da Ilha permanece como Parque Nacional do Araguaia.
Nesse Mapa, são apresentadas e visualizadas as aldeias dos povos indígenas Javaé e Karajá identificadas, em 2008, e localizadas nas Terras Indígenas Parque do Araguaia e Inãwéborona.
O Mapa 4 mostra aldeias Javaé antigas, na Ilha do Bananal, como também, nas imediações desta, ao longo das margens do rio Javaés, sendo identificadas e localizadas 64 (sessenta e quatro) que existiram, nas quais foram informadas e reveladas por anciãos indígenas intelectuais e conhecedores da história e cultura dos povos Iny/Javaé.
No Quadro 1, são informados os nomes das aldeias antigas Javaé com seus respectivos códigos numéricos, no Mapa 4, no sentido de identificação e localização de suas existências.
Na atualidade (século XXI), a maioria das comunidades dos povos Inỹ/Javaé, da Ilha do Bananal (Formoso do Araguaia-TO), residem e encontram-se distribuídos em dezoito (18) aldeias, descriminadas a seguir: Aldeia Barra do Rio Verde, Aldeia Barreira Branca, Aldeia Boa Esperança, Aldeia Bela Vista, Aldeia Boto Velho, Aldeia Cachoeirinha, Aldeia Canoanã, Aldeia Cristo Reis, Aldeia Imôtxi, Imôtxi 2, Aldeia Hawa, Aldeia São João, Aldeia Taimy, Aldeia Txuiri, Aldeia Txukodè, Aldeia Wakòtyna, Aldeia Waritaxi e Aldeia Wariwari. Vejamos, no Mapa 5, as referidas aldeias dos povos Inỹ/Javaé atuais, da Ilha do Bananal.